terça-feira, 28 de junho de 2016
PELE ESCURA
Minha veia africana vem da ancestralidade.
Minha carne é dura e minha pele escura,
Sou fruto do bem e minha alma é pura!
Se dizem que a vida é uma coisa divina.
Então porque já nos criticam desde menina?
"Sua pele é escura. Porque sua cor é tão diferente?"
A diferença eu preciso explicar
na escola já mascaram a etnia dos fatos,
minha pele escura é resultado de um ato,
uma mistura, um contato.
A minha cor escura, envolvente e pertinente
embeleza o meu ser.
A minha carne dura, é resistente
não me deixa envelhecer.
É possuo melanina de essência jovial,
Sou negra, e que mal há nisso?"
Sou negra negritude... africanidade,
afro-brasileiro, afrodescendente.
Sou negra, negra valiosa, negra virtuosa
negra com a-ti-tu-de!
CALVÁRIO
segui o caminho em silêncio,
passos tímidos, cabisbaixo.
Sangrei antes de ouvir o primeiro zunido,
o chicote de nylon me tocava,
chorei lágrimas de orvalho.
Cantei os salmos dos Orixás,
pedindo proteção as divindades,
mas, sem desistir dos olhos de quem me feria.
Ele sabe, ele viu
que com minha carne rasgada e ferida
me torno mais frágil e febril.
E sem dar resultados, sem voz e sem pão
deixou-me de lado até me tornar
um bicho vazio sem vida e sem alma
Deixado no chão.
Deixado no chão.
terça-feira, 14 de junho de 2016
LINGUAGEM SOLTA
Uma língua solta, falante dentro da cavidade bucal, não se cansa de expelir palavras
soltas ao vento.
Venenos sangrentos que fazem mal à alma e fere,
e por onde passa é ingrata, inerte,
adverte
com criticas soltas e palavras duras.
Palavras que não cessam, não regressam, insistem em desafiar, julgar reduzindo a nada com palavras, sem
gestos, investindo
em lábias insignificantes, intolerantes, com
o que você chamas de conversas perversas
Palavras soltas, desconexas, tão soltas servem apenas para regredir, diminuir ou sucumbir.
Mas as palavras faladas, moduladas, coesas servem
para contribuir, instruir, invadir as ideias numa consonância
entusiasmante que
num compasso frenético vão surgindo instintivamente agora não mais soltas, mas, envoltas, desenvoltas.
LAMENTO
me esquarteja e me fere.
Minhas angustias já foram vista
meu mundo está rubro,
parece que estou me repetindo.
A cabeça desbaratinada,
pressão, confusão, dor intensa.
Preciso fugir para nunca mais voltar,
esquecer como se a minha hora
tivesse chegado deixando pra trás os meus.
Vou ao encontro da paz, aquela que não conheci
quero sentir a leveza, que nunca senti.
Não quero esperar deixando a vida me levar
agora é hora de ignorar, aprender, recomeçar.
Porque se aqui eu ficar lágrimas vão rolar,
lágrimas de dor e não de amor,
Porque se aqui eu ficar, não vou mais dormir ,
vou enlouquecer, não vou sobreviver
Porque se aqui eu fingir, vou me reprimir.
segunda-feira, 13 de junho de 2016
MUSICA
Ao som de uma bela canção merecemos estar, são tantas e tantas Chão de giz ou Saber amar. Só a música tem o poder de nos tocar. Como Duas Lágrimas de Orvalho sinto a música escorrendo em mim. E no Cotidiano já não vivo sem ela. O quereres é sempre mais que um querer, querer estar nos Baile da vida, ou na Travessia de uma viagem dançante que nos faz repousar num Silencio de um minuto.
AS CORTINAS
Abrem-se as cortinas, vê-se apenas uma penumbra, aos poucos seres vão
surgindo, bulindo singelamente enquanto a luz se intensifica. A música suave
qualifica os movimentos completando um cenário simples. Liberdade no corpo,
liberdade que vem do fundo da alma, novos movimentos vão surgindo, agora não
mais suaves, mas, impetuosos. Olhos atentos deslumbram essa mistura de alegria,
dor e solidão, são corpos que meneiam num espaço perfeito dividindo a
emoção que emana de dentro para fora dando formas volúveis aos improvisos que
compõem uma dança desconhecida, de linguagem metafórica.
Braços entrelaçados, pernas ao ar, giros constantes dão sentido ao balanço
da dança, passos precisos, encontros de olhares e um conjunto de luzes,
perpetuam a coreografia. Tanta inspiração e magia faz o palco estremecer,
suspiros são arrancados da platéia e essa mesma vibração é resposta de uma
verdade interior, uma verdade capaz de transformar a dança em poesia, o ritmo em alegria.
Fecham-se então as cortinas, vê-se apenas um negrume, os seres vão surgindo
agora apenas para receber os aplausos excitados do público que é dominado por
um prazer imaginável, sem reservas. Gritos intermináveis tomam conta do espaço
levando todos sem exceção ao chamado estado de êxtase, resultando num prazer coletivo, um orgasmo artístico.
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