Abrem-se as cortinas, vê-se apenas uma penumbra, aos poucos seres vão
surgindo, bulindo singelamente enquanto a luz se intensifica. A música suave
qualifica os movimentos completando um cenário simples. Liberdade no corpo,
liberdade que vem do fundo da alma, novos movimentos vão surgindo, agora não
mais suaves, mas, impetuosos. Olhos atentos deslumbram essa mistura de alegria,
dor e solidão, são corpos que meneiam num espaço perfeito dividindo a
emoção que emana de dentro para fora dando formas volúveis aos improvisos que
compõem uma dança desconhecida, de linguagem metafórica.
Braços entrelaçados, pernas ao ar, giros constantes dão sentido ao balanço
da dança, passos precisos, encontros de olhares e um conjunto de luzes,
perpetuam a coreografia. Tanta inspiração e magia faz o palco estremecer,
suspiros são arrancados da platéia e essa mesma vibração é resposta de uma
verdade interior, uma verdade capaz de transformar a dança em poesia, o ritmo em alegria.
Fecham-se então as cortinas, vê-se apenas um negrume, os seres vão surgindo
agora apenas para receber os aplausos excitados do público que é dominado por
um prazer imaginável, sem reservas. Gritos intermináveis tomam conta do espaço
levando todos sem exceção ao chamado estado de êxtase, resultando num prazer coletivo, um orgasmo artístico.
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