sábado, 17 de fevereiro de 2024

O peso da cor

Sinto na pele o peso da cor

senti até receio por tentar me expor

Meus lábios, meus olhos, gengiva,

são traços da cor,

Eu vejo a arrogância, atos e rancor

que refletem sempre como peso, como dor. 

O cabelo, motivo de comparações,

Criaram chapinha para seguirmos padrões 

Nariz, os lábios, tudo se resume na cor.

E ter que encarar julgamentos banais

E gritar  que meus traços são normais.

Criaram trejeitos, definindo como 

defeitos, nossos corpos, nossa cor.

Sim, a cor nos define, sim. Pelo que eu fui, 

pelo que eu sou e pelo que serei,  

eu mesmo me defino, nao tenho sangue de rei.

 Penteio meu cabelo, com garfo, para manter a coroa ancestral, porque na rua me jugam como marginal.

A cor da pele nunca foi defeito, nem um problema,

A cor da pele é um dilema da ignorância daqueles que sem amor,  ignoram os tons da nossa  cor.


Desamparo

Porque chegastes aflitas assim?

Corpo queimado, sem amparo te largaram

Embebedaram-te, desrespeitam-te.

Sem maturidade questionava-me:

Porque nada fiz, porque permiti

Ainda pergunto o que se passava

O que rituavam, porque o fogo? 

Porquê  a queimada? 

Cresci , e hoje me pergunto:

Porque te marcaram?

Não encontro respostas, ninguem me

 convence que era preciso ter pólvora?

Sera que queimava os pecados?

Ela serviu, marcaram a inocência daquela

senhora de trajetória amarga 

já marcada pelas cicratizes da vida.

E hoje me pergunto: 

Porque te marcaram?

Porque me conformei com o fogo

que usaram para te queimar, sacrificar e 

torturar?

Será que pensaram no peso da dor?

Te mandaram para casa, uma, duas ou mais

vezes para se recompor?

Porque te marcaram e nunca se queixou, apenas aceitou.



Preta sou

Esta pele preta, cinza ou marrom

Não, é preta mesmo, não venha tentar mudar 

a minha pigmentação 

Eu nasci assim, então não mascara a cor.

Sou preta, por que cansei de ser

Marrom, morena, mulata, neguinha, pretinha.

Não me venha com variedades

Sou preta e isso já basta e ponto final.

Esperança

Ando esperando na janela

Talvez um dia, quem sabe, eu avisto 

aquele amor que nunca chegou,

Ou o pescador que prometeu me 

trazer o melhor peixe, o mais bonito.

Talvez meus olhos encontre o pássaro 

amarelo que um dia cantou pra mim,

mas nunca mais voltou.


Ando esperando na janela um amor vazio

do qual não desejo, só pra dizer que chegou.

Talvez da janela, eu avisto os girassois 

desabrochando no inverno para colorir a meu céu de anil.


Na janela encontro meu fim arrebol, mas espero mesmo encontrar a menina que sonha acordada e  não cansa de esperar.



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Ando esperando na janela.

Talvez um dia, quem sabe, eu avisto 

aquele amor que nunca chegou,

Ou o pescador que prometeu me 

trazer o melhor peixe, o mais bonito.

Talvez meus olhos encontre o pássaro 

amarelo que um dia cantou pra mim,

mas nunca voltou.

Ando esperando na janela.

Talvez da janela, eu avisto  girassois 

desabrochando no inverno só para colorir o meu céu de anil.

Na janela encontro meu fim arrebol, mas espero mesmo encontrar a menina que sonha acordada e  não cansa de esperar.




O carnaval

A cidade inunda de seres esplêndidos,
Uma fada, uma bailarina, até Dionizio,
Um Pirata, um anjo, um duende.
Ou simplismentes seres com rostos brilhantes.
O Carnaval é a festa mais linda que 
Uma cidade pode ter.

É o momento único e mágico 
É o encontro de seres de todos os gêneros
É a vida pulsando alegria
É a festa comemorada por dia
É a simplicidade do brincar
Do viver e amar.

É o despertar para vida em dias difíceis 
O Carnaval é o alerta que grita
Por liberdade, por dignidade, 
É a brisa efêmera que vem soprar
abrindo caminhos para um ano que vai começar.



Fim

Meus instintos são puras sensações 

Selvagens em busca de veracidade

De quem está presa, prestes a correr

Para o abismo da liberdade

Quero cair para encontrar o despertar

algo novo, não importa a dimensão 

Ou estrago, apenas quero sentir

Sem pensar no que não virá depois.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Folhas secas


O desabrochar em mim, vem do ventre que anseia por paz, amor e liberdade.

Ventre que busca nas matas as folhas sagradas

para lembrar dos meus ancestrais

As folhas secas ressignificam o solo sagrado

Pisar nas folhas secas, são como passos

em busca daqueles que deixaram  o seu legado

para que outros pudessem ousar, curar e ser curado.


O amor é simples

O amor embora pareça complicado

É simples demais para explicar

Seria tão fácil apenas amar

Sem ter que cobrar ou esperar o melhor

do outro,

É simples amar quando você se ver 

disposto a amar, porque o amor não tem data 

de validade, não tem uma fórmula ou um manual

Amar é simplesmente amar e pronto.

Quem ama não cobra, não bate, não aprisiona,

não faz mal.

Amar é a maneira mais simples de fazer o bem,

Por isso, quando esse propósito é rompido

É simples deixar de amar

Pois o amor, é próprio.